
A discussão sobre como a publicidade abusa das imagens de cunho sexual para vender seja-lá-o-que-for não começou ontem nem é infundamentada. No entanto é preciso lembrar que ela é uma forma de expressão dotada de alguma artisticidade, e que no caso da publicidade de moda ainda está ligada a muito mais propositos e referências de cunho estético... Dolce e Gabbana entendem - e fazem - isso.
O governo da Espanha, parece, não entendeu. E isso culminou na censura da campanha publicitária da marca no país. O governo alega que a propaganda deprecia a imagem da mulher, e chegou a dizer que a imagem da campanha sugere um estupro.
Stefano e Domenico são um casal, e todo o trabalho feito por eles - assim como a própria identidade da marca - tem uma conotação sexual muito forte. É claro que a publicidade tem uma resposabilidade para com o público (em vários aspectos, inclusive) e que não desfruta da mesma liberdade que o campo das artes, por exemplo. No entanto, eu - cá com meus botões- não acho exagero chamar trabalhos de moda de arte e muito menos as campanhas publicitárias destinadas a vender tais trabalhos.
Acho que um esforço para entender os motivos da censura são mais que necessários, mas não posso dizer que não lamento profundamente por certas posições. Enfim, eu não sou o único a ver beleza na expressividade da publicidade, e por isso muitas vezes ela vai parar nos museus. Então aguardemos pelo dia em que esta campanha entre no país, se não numa revista pelo menos (menos?) num desses museus. Não sei se o governo espanhol está errado, mas de alguma forma estes rapazes estão certos!
p.s. pessoal da Espanha, sugiro o Guggenheim.
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